ARTE TUMULAR ERÓTICA

Existe um tipo de arte , que talvez poucas pessoas conhecem, a chamada arte tumular com conotação erótica ou sensual. Deixando-se de lado o preconceito e a superstição, encontraremos nos cemitérios espalhados por várias partes do mundo, trabalhos esculpidos em granito, mármore e bronze de artistas famosos, que realçam as formas exuberantes da nudez, algumas vezes forte porque é sugerida e não mostrada. Esses trabalhos apresentam figuras que vão do sofrimento à sensualidade, esculpidas em formas vistosas ou discretas, recatadas ou destacando os detalhes do corpo, num acentuado lirismo límpido na inocência sensual que expressa uma certa resistência da vida em face da morte.

Helio Rubiales

O NU NA ARTE TUMULAR
A representação de uma figura nua num túmulo é sempre inquietante, instigante , envolvente e bela. Há uma profunda ligação com a pureza do ser. É a sensualidade que move a Criação em todos os sentidos, evocando o amor, a paixão e principalmente a criação do homem. Sentimos o lúdico prazer de vivenciar a nossa própria existência.

Mulheres nuas são cobertas por finos tecidos, sob os quais se deixam notar curvas de sensualidade aflorada, seios e pernas bem delineados, uma certa pureza perante a morte. Um cenário de escancarado flerte entre a vida e a morte, onde a nudez representa um estado de entrega perante o desconhecido, lugar onde não se admitem mantos e máscaras. E no lugar que faz jus à expressão "do pó vieste e ao pó retornarás", a ausência de roupas é mais do que explicada, onde nos tornamos todos iguais.

Helio Rubiales

MEMENTO, HOMO, QUÍAPULVIS ES ET IN PULVEREM REVERTERIS.

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By Ferramentas Blog

sábado, 7 de maio de 2011

NOITE - Arte Tumular Erótica - 50 - Basílica di San Lorenzo, Florença, Toscana, Itália





ARTE TUMULAR


Escultura em mármore de carrara de uma figura feminina, totalmente nua, representando a Noite. É uma mulher pensativa, parecendo transmitir uma mescla de tristeza e aceitação. Mantém o corpo dobrado sobre si mesma, com o braço direito apoiado na sua perna esquerda, enquanto a sua mão vai de encontro ao rosto sereno, como se segurasse a cabeça. A perna dereita é mantida esticada e pendente para baixo, enquanto o braço esquerdo está posicionado atrás das costas sobre a máscara. Apesar do torso excessivamente  musculoso não deixa de apresentar a voluptuosidade de um corpo jovem e sensual. A genialidade de Michelangelo deixa transparecer sutilmente alguns sinais simbólicos, com relação ao circulo formado pela posição do braço, perna e tronco e figuras alegóricas atribuídas a noite, como a coruja, a máscara e um ramalhete de papoulas, num sentido de proteção. A coruja sentada na sombra do joelho dobrado fecha o espaço que permita o acesso às intimidades da noite. A máscara, muitas vezes representa a identidade escondida durante atividades imorais.  Em um ritual primitivo de passagem, uma identidade anterior deixa de existir, e é simbolicamente substituída por uma nova identidade totalmente diferente. As papoulas representam o sono, a embriaguez da noite.


Autor da obra: Michelangelo Buonarroti (Ceprese, 06.03.1475 - Roma, 18.02.1564
Título: Noite (Túmulo de Giuliano de Médici)
Local: Basílica di San Lorenzo, Florença, Toscana, Itália
Fotos:  italian-renaissance-art.com, Mike Reed, Gines Maru, entertainment.howstuffworks.com/arts
Descrição tumular: Helio Rubiales





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